Dois séculos após ser lançado, o livro continua incrível.
Orgulho e preconceito, de Jane Austen, é uma daquelas obras que ficarão para
sempre na história. O livro ainda é um dos
livros mais queridos pelo público, de maioria feminino. Foi escrito no
fim do século XVIII, quando Jane ainda tinha menos de 21 anos, porém, foi publicado
apenas alguns anos após a virada do século. Uma obra com conflitos, momentos
divertidos, reviravoltas e, principalmente, romance.
De forma leve e bem construída, Austen consegue tirar o
melhor de cada personagem, mostrando seus desenvolvimentos e mudanças. A língua
rebuscada da época não é um problema, já que é perfeitamente compreensível,
ainda mais com as notas daquilo que é necessário explicar, para melhor
entendimento da história.
O enredo estabelece a abordagem às diferenças sociais, à
educação e cultura da época e em como as primeiras impressões podem enganar. No
século XVIII, a maior ambição da mulher era casar, arrumar um bom marido para
ascender socialmente. As cinco filhas dos Bennet não eram diferentes,
principalmente Lydia, a mais nova, que vivia correndo atrás de oficiais.
Elizabeth, a personagem principal, tinha uma personalidade mais digna, aonde
esperava encontrar alguém que julgasse ter as qualidades que estimava. O mesmo
acontecia com a doce, romântica e ingênua Jane, que mal ousava falar uma
palavra ofensiva a qualquer pessoa ou coisa.
Quando Sr. Bingley, um jovem rapaz rico, aluga uma mansão
vizinha à casa dos Bennet, a Sra. Bennet agita-se com a possibilidade de
arranjar um marido para uma de suas filhas. No baile de apresentação, Bingley mostra-se
um perfeito cavalheiro, simpático e de boas maneiras com todos. E, para a
alegria da Sra. Bennet, a atenção do novo morador para Jane foi particularmente
destacada.
Ao contrário da boa impressão que Bingley causou, seu amigo
Darcy não despertou as mesmas boas opiniões, sendo taxado como orgulhoso e
com modos pouco agradáveis. Recusou-se a dançar com qualquer dama do baile,
negando até mesmo a sugestão de seu amigo Bingley para que dançasse com
Elizabeth. Odiado por toda a região pelo seu jeito soberbo e, particularmente,
por Elizabeth, por ter sido recusada para uma dança. Ela rapidamente consolida
seus maus sentimentos quando conhece o Sr. Wickham. Ficando amigos em pouco
tempo, Wickham conta a Elizabeth que foi maltratado por Darcy, explicando o
porquê do desprezo mútuo.
Enquanto Elizabeth alimenta seu ódio por Darcy a cada dia,
os sentimentos indiferentes de Darcy mudam para admiração à segunda filha mais
velha dos Bennet. Com o tempo, Elizabeth também vai reconsiderando seus
sentimentos em relação ao Sr. Darcy, convencendo-se gradativamente da inocência do cavalheiro em questão. De orgulhoso a romântico, chegando a ser fofo, a evolução de
Darcy é notável, assim como a de Elizabeth, que vai mudando de opinião e
transformando seus sentimentos.
Envolvendo o romance de Jane e Bingley, as mudanças de
atitude de vários personagens e a forma como a história se desenha, Austen faz
um romance muito além de Elizabeth e Darcy. A trama oferece ensinamentos sobre
a época vivida pelos personagens, dá algumas lições, mas acima de tudo, mostra
o quão erroneamente podemos julgar alguém apenas pela primeira impressão e pela
influência de nossa personalidade. Assim como podemos mudar de atitude quando
percebemos nosso erro, só assim tendo o passe para a felicidade.
Tive medo de resenhar sobre este livro, pois palavras nem
sempre são suficientes para expressar a qualidade de algo ou alguém. Mas dei o
meu melhor e espero que tenham entendido que Orgulho e preconceito tornou-se um
dos meus livros preferidos (seria impossível ter somente um favorito). Além da
minha intenção em trazer o melhor do livro para que vocês tenham vontade de
lê-lo – apesar de sentir um leve ciúme por compartilhar de tal obra literária.
Os personagens são apaixonantes – principalmente o Sr.
Darcy, que qualquer mulher gostaria de ter como marido, se esse existisse.
Também é apaixonante o modo como escreve Jane Austen, a sucessão dos fatos, a
descrição da personalidade e do crescimento de cada um na história, os
detalhes, tudo é absolutamente perfeito. Particularmente, acho tanto a escrita
quanto o modo de falar antigos belíssimos e inspiradores, o que me fez gostar
ainda mais do livro. Só o que me resta dizer é o quão ardentemente o admiro e o
amo, oh livro magnífico.