Lisbeth Salander está de volta em A Garota na Teia de Aranha

A tão aclamada trilogia Millennium, do autor Stieg Larsson, ganha um quarto livro escrito por David Lagercrantz: A garota na teia de aranha.



O livro finalmente chega às livrarias após tanta espera. A demora se deve à briga judicial que envolveu o pai, o irmão e a companheira de Larsson. O pai e o irmão estavam apoiando a iniciativa de dar continuação a obra, pois queriam que a história permanecesse viva para o mundo. Enquanto que Eva Gabrielsson, a ex-companheira de Stieg, sempre foi contrária a ideia, por acreditar que essa era apenas uma tentativa de ganharem mais dinheiro em algo que fez sucesso. Eva, que não era casada com o autor original de Millennium, acabou perdendo judicialmente pelo controle da obra.




Entretanto, a mulher não desistiu de suas convicções. Afirmou que a trilogia foi encerrada com a morte do autor. Sendo assim, recusou-se a entregar os escritos de seu parceiro para um quarto livro. Stieg Larsson já havia escrito boa parte de um quarto livro, faltando apenas 100 páginas, quando morreu subitamente de um ataque cardíaco em 2004. Tudo salvo em um notebook, que Eva guarda a sete chaves. Antes de morrer, Larsson tinha ainda ideias e rascunhos para mais dez livros. 


Apesar de toda essa polêmica, David Lagercrantz aceitou o desafio e começou do zero a continuação de Millennium. Lisbeth e Mikael retornando nas palavras de um outro escritor que não o seu criador... A dúvida fica no ar. Lagercrantz irá ou não atender às expectativas dos fãs? Bem, A garota na teia de aranha já está disponível para quem quiser comprar e conferir. Para acalmar um pouco os nervos, o livro teve elogios de importantes jornais como The New York Times.

"Os fãs do cativante e estranho casal da ficção policial moderna criado por Stieg Larsson — a genial hacker punk Lisbeth Salander e o seu parceiro ocasional, o determinado jornalista investigativo Mikael Blomkvist — não ficarão desapontados com suas aventuras mais recentes, escritas não pelo criador dos personagens, Stieg Larsson (que morreu de um ataque cardíaco aos cinquenta anos, em 2004), mas por um jornalista e escritor sueco chamado David Lagercrantz. Apesar de haver alguns sobressaltos ao longo do romance, Salander e Blomkvist sobreviveram intactos à transição de autores e continuam tão atraentes quanto sempre foram." - Trecho da Resenha do The New York Times.


No Brasil, o livro é lançado pela Companhia de Letras, que disponibilizou um trecho exclusivo do novo livro e você pode conferir aqui.

Pesquisando um pouco, ainda achei mais dois trechos de A garota na teia de aranha. Leia:


Capítulo 2: 20 de novembro

"Mikael Blomkvist tinha dormido apenas duas horas porque havia passado boa parte da noite lendo um romance policial escrito por Elizabeth George. Com certeza não fora uma decisão sensata. De manhã, o guru do jornalismo, Ove Levin, da Serner Media, apresentaria novas diretrizes para a 'Millennium', e Mikael precisava estar descansado e a postos.

No fim de semana, tinha se questionado se não estaria na hora de mudar de área, uma ideia um tanto drástica para um homem como Mikael Blomkvist. A 'Millennium' era sua vida e sua paixão, e sem dúvida boa parte das coisas mais interessantes e mais intensas que ele tinha vivido fora na revista. Mas nada dura para sempre, talvez nem mesmo seu amor à 'Millennium', e além do mais aquela não era uma época muito boa para ser dono de uma revista de jornalismo investigativo.

Todas as publicações com aspirações grandiosas estavam sofrendo uma verdadeira sangria, e lhe ocorreu que a visão que ele tinha da 'Millennium' talvez fosse bela e verdadeira quando vista de uma perspectiva mais nobre, mas que ela não garantia, necessariamente, a sobrevivência da revista. Mikael Blomkvist entrou na sala, bebericou seu café e olhou para o lago de Riddarfjärden. Lá fora caía uma tempestade.


(...)


Estava claro, disse Levin, que a revista devia continuar com suas investigações profundas, seu estilo literário e viés social. Mas nem todos os artigos precisavam abordar fraudes econômicas, injustiças e escândalos políticos. Também era possível fazer um jornalismo brilhante com um toque mais glamoroso — escrevendo sobre celebridades e estreias —, afirmou Levin enquanto falava com verdadeira paixão sobre as americanas 'Vanity Fair' e 'Esquire', sobre Gay Talese e seu clássico perfil de Sinatra, 'Frank Sinatra está resfriado', e sobre Norman Mailer, Truman Capote, Tom Wolfe e outros.

Mikael Blomkvist não teve objeções a fazer, pelo menos não naquele momento. Seis meses antes havia escrito uma longa reportagem sobre a indústria dos paparazzi e, desde que encontrasse uma abordagem séria e adequada, imaginava-se capaz de retratar qualquer pessoa, por mais insignificante que ela fosse. Costumava dizer que não era o assunto que definia o bom jornalismo; era a abordagem. Não, sua objeção tinha a ver com o que havia percebido nas entrelinhas: que aquele era o início de uma ameaça generalizada, e que a Millennium corria o risco de se transformar em mais uma revista qualquer do grupo, ou seja, uma publicação sujeita a todo tipo de interferência, até enfim se tornar lucrativa — e totalmente insípida."


Capítulo 3: 20 de novembro


"Em princípio, outra garota poderia ter ido ao apartamento de Linus naquele dia. Era possível, embora não provável. Afinal, quem além de Lisbeth Salander chegaria daquele jeito, já entrando, sem nem olhar no rosto da pessoa e a mandaria embora da própria casa para vasculhar o conteúdo dos computadores, concluindo a visita com a frase 'Não tenho a menor intenção de ir para a cama com você'? Só Lisbeth. Quanto a 'Píppi', esse nome era a cara dela.

Na porta do apartamento de Lisbeth, na Fiskargatan, havia a identificação 'V. Kulla”, o nome da casa de Píppi Meialonga, e Mikael entendia muito bem por que ela não deixava ali seu verdadeiro nome. Ele seria facilmente identificado, pois estava associado a tumultos e escândalos. Mas onde ela morava agora? Não era a primeira vez que Lisbeth desaparecia. Mesmo assim, desde o dia em que Mikael havia batido na porta do apartamento dela, na Lundagatan, e a insultado por ter escrito um relatório bem completo sobre a vida dele, os dois nunca haviam passado tanto tempo sem contato, o que era um pouco estranho, pois apesar de tudo Lisbeth era sua… Sua o quê, afinal? Dificilmente uma amiga. Amigos se encontram. Amigos não desaparecem sem deixar rastros. Amigos não mandam notícia invadindo computadores.

Mesmo assim, Mikael estava ligado a Lisbeth, e, acima de tudo, não havia como escapar da preocupação que tinha com ela. O ex-tutor de Lisbeth, Holger Palmgren, costumava dizer que ela sabia cuidar de si mesma. Apesar da infância terrível que tivera, ou talvez justamente por causa de tudo que havia lhe acontecido, Lisbeth tinha se transformado em uma sobrevivente. Impossível negar o quanto de verdade havia nisso. Praticamente não existiam garantias para uma garota com um passado como o dela e com uma habilidade ímpar de fazer inimigos. Talvez Lisbeth tivesse mesmo perdido o rumo, como Dragan Armanskij havia dado a entender quando ele e Mikael almoçaram no Gondolen cerca de seis meses antes. Era um sábado de primavera e Dragan tinha insistido em pagar a cerveja, a aquavit e tudo o mais. Mikael teve a impressão de que Dragan estava precisando desabafar, e, mesmo que oficialmente os dois estivessem se encontrando na condição de velhos amigos, não havia dúvida de que Dragan, na verdade, queria falar sobre Lisbeth e entregar-se a um pouco de sentimentalismo regado a álcool."



Sinopse: A hacker Lisbeth Salander e o jornalista Mikael Blomkvist precisam juntar forças para enfrentar uma nova e terrível ameaça. É tarde da noite, e Blomkvist recebe o telefonema de uma fonte confiável, dizendo que tem informações vitais aos Estados Unidos. A fonte está em contato com uma jovem e brilhante hacker — parecida com alguém que ele conhece. Blomkvist, que precisa de um furo para a revista Millennium, pede ajuda a Lisbeth. Ela, porém, tem objetivos próprios. Em A garota na teia de aranha, a dupla que já arrebatou mais de 80 milhões de leitores com Os homens que não amavam as mulheres, A menina que brincava com fogo e A rainha do castelo de ar se reencontra em um thriller explosivo.


Fontes: Blog da Companhia de Letras e site do G1.

Comentários



Posts Populares

ALL OF US ARE DEAD É REALMENTE BOA? Nova série coreana de zumbis da Netflix | Crítica e Teorias

Harlan Coben acertou mais no LIVRO ou na SÉRIE de "A Grande Ilusão"?

HARLAN COBEN: 5 livros para conhecer o rei do suspense