Recebi o livro Talvez nunca mais um país, do autor Flávio P.
Oliveira. Primeiramente, queria dizer o quão incrível o autor é, pois ele e sua
editora – Delirium – fazem os leitores se sentirem especiais.
Agora, vamos à obra, minhas primeiras impressões de Talvez
nunca mais um país.
O que chama mais atenção logo de início é a escrita do
autor, que é um tanto diferente. Eu diria que é uma prosa meio poética. Ou como
o próprio Flávio gosta de dizer “uma escrita bem louca”.
O personagem principal (que não sabemos o nome) está de
frente para a morte, com alguém lhe apontando uma arma. Dessa forma, o
protagonista conta em flashbacks (ao menos foi isso que me pareceu) algumas partes
de sua vida.
"A vida se faz quando a morte espreita."
Num mundo futurístico, uma doença assolou a humanidade, que
quase foi extinta. O mundo foi setorizado e daí surgiu estados independentes. A
setorização foi feita dividindo os doentes, os portadores do vírus sem sintomas
da doença e os não portadores.
"O homem separou diferentes desde sempre, é apenas mais uma segregação, porém há um diferencial: noventa e três por cento da população mundial aprovou a setorização. Da setorização até a divisão territorial em pequenos estados independentes foi um pulo."
Li as primeiras 40 páginas e eu não sei dizer o que mais me
prendeu no livro. Se a surpreendente narrativa, o humor empregado ou as
críticas típicas de uma distopia. No começo eu me senti um pouco perdida, sem
saber o que estava acontecendo, mas com o tempo, quando você se acostuma a
narrativa e a história, as coisas vão fluindo mais facilmente.
O livro de Flávio Oliveira é instigante e promete ser
daquele tipo de leitura que te faz refletir e se divertir com a ironia presente
em vários momentos. E eu já começo a imaginar o motivo do título da obra... Mas
deixemos isso para outra hora, é apenas uma teoria.
"Por volta dos meus seis anos de vida, vovô comprou um fogão autômato; herdei a caixa de papelão. Adorava a caixa, ora era minha casa, ora um aparato de tortura, um elevador direto ao purgatório, uma maquina do tempo e, na pior das hipóteses, uma caixa de papelão."