Hoje venho trazer uma das melhores coisas que eu tive o
prazer de conhecer nos últimos tempos: The Get Down, lançada em agosto desse
ano (2016). Depois de nos levar para a década de 1980 com Stranger Things (falamos dela aqui), Netflix
traz mais uma série original, dessa vez nos levando para a década de 1970. E eu
acho que eu não poderia escolher um dia melhor para postar sobre ela, já que hoje,
dia 12 de novembro, é o dia mundial do hip-hop.
E o que tem a ver? Bem, The Get Down é sobre a história do
hip-hop. O Bronx da década de 1970 é o cenário, onde personagens negros e
latino-americanos começam a dar força ao movimento que envolve música, dança,
grafite, entre outros. O hip-hop nasce no contexto de abandono e violência da
zona do Bronx, em que os jovens começam a expressar suas artes nas ruas,
escolhendo a criatividade ao invés do crime.
É incrível como a série junta cultura, drama, romance, ação
e poesia, conseguindo ainda ser tão verossímil com a realidade. Com um elenco
pouco conhecido, mas que esbanja talento, a série te conquista de episódio a
episódio, até você ficar completamente apaixonado.
Sinopse: Ambientada em Nova York durante o ano de 1977, The Get Down conta a história de como, à beira das ruínas e da falência, a grande metrópole deu origem a um novo movimento musical no Bronx, focado nos jovens negros e de minorias que são marginalizados. Entre a ascenção do hip-hop e os últimos dias da Disco Music, a história se costura ao redor das vidas dos moradores do Bronx e de sua relação com arte, música, dança, latas de spray, política e Manhattan.
E agora que você já sabe do que a série trata, vou te dar oito
motivos para assisti-la.
1- A Trilha Sonora
A série tem muita influência da música, fazendo referência a
nomes importantes do soul music, R&B e disco music, como Donna Summer e
Jackson 5. Cada episódio é repleto por música de boa qualidade, seja na música
de fundo ou nas composições e interpretações dos personagens, principalmente,
pelo talentoso Ezekiel “Books” Figuero (Justice Smith) e da incrível – porém
chatinha – Mylene Cruz (Herizen F. Guardiola).
Além de ter uma presença forte da explosão dos DJ’s,
inclusive, um dos personagens é Grandmaster Flash, que é um DJ de verdade. Foi
ele o inventor do “scratch”, que fazia o remix nos vinis. Ele também entregava
os microfones para os dançarinos improvisarem discursos acompanhados da música,
o tal do rap (ou Freestyle). (Fonte: Wikipedia)
2- A cultura dos anos 1970
Tem época mais legal que essa? As músicas, as roupas, o
ambiente, toda parte cultural dessa década é incrível. Claro que teve suas
partes ruins, como a ditadura militar e a crise do petróleo, né? Mas enfim, eu
gosto muito dessa década, culturalmente falando, e a série traz bastante o que
foi aquela época. Os cenários, as roupas, as gírias, as formas de expressão e
tudo mais.
3- Os Figurinos
A figurinista Jeriana San Juan caprichou nas roupas de todos
os personagens. Deixou tudo mais real e menos caricato – como quase sempre
acontece nesses casos – ajudando no sucesso da produção. Tudo com muito estilo
e representando bem as características da moda da época. Com destaque para
Mylene, que possuía looks mais sóbrios – por ser filha do pastor e viver na
igreja –, mas também investia em vestidos sensuais e maravilhosos quando fazia
aquilo que mais gostava: cantar.
Outros três que merecem destaque também são:
(1) Shaolin Fantastic, com seu “uniforme” em branco, vermelho e azul/jeans –
tipo Superman, só que num estilo mais Bruce Lee do hip-hop – e sua marca registrada, o Puma vermelho (se
houver crescimento nas vendas de Pumas vermelhos podem colocar na conta de The
Get Down); (2) Cadillac é o mais caricato dos personagens, usa peças bem
chamativas com vários acessórios, super caprichado. O protagonista tem um look
mais básico, deixando o papel de fashion para seu amigo (3) Dizzee (Jaden
Smith), com jaquetas e coletes jeans cheios de tachinhas e calças, também
jeans, desenhadas. Achei que super combinou com ele.
4- As Referências
Como eu disse antes, há muitas referências do mundo da
música, além de ter vários personagens reais dentro da trama. Porém, há também
referências da cultura pop, como Star Wars, já que era o ano em que era lançado
o primeiro filme da saga no cinema. Também estourava as HQ’s da Marvel Comics,
então pode esperar metáforas envolvendo Quarteto Fantástico e os mutantes do
X-men. Aliás, eu adoro o nerd
da turma do Fantastic Four Plus One/The Get Down Brothers: Ra-ra (Skylan
Brooks). Apesar dele ser meio escroto ás vezes, ele é muito engraçado!
5- A Representatividade
Acho que isso já é uma marca da Netflix. Além do foco da
série que são personagens negros e latino-americanos de classe baixa, The Get
Down também trata da homossexualidade e do fanatismo religioso e machismo (este
último, de forma mais sutil, em minha opinião). Netflix coloca em pauta temas
de extrema importância, principalmente, nos dias atuais, onde parece que
estamos retrocedendo em alguns pontos.
6- Mulheres Fortes
Além da representatividade citada no tópico anterior, a
série traz personagens femininas fortes e marcantes. Mylene e suas amigas, Regina
e Yolanda, a gangster Fat Annie e a professora de Ezekiel foram as que mais me
chamaram atenção. Todas com personalidades fortes, decididas e irreverentes. Algo
que gostei bastante foi do romance entre Mylene e Ezekiel, mostrou a
personalidade dos dois e o foco de Mylene em sua carreira. Foi muito bem
trabalhada a relação dos dois.
7- A Política
A política também está presente na trama de The Get Down,
tanto na política de vereadores e prefeitos, quanto às negociações entre os
traficantes e fornecedores de cocaína, que estava em alta na época. Há muita ambição, mentiras, traições e o
protagonista vai ficar bem no meio de tudo isso, surpreendendo por suas
escolhas e atitudes. Uma das cenas mais legais de todos os episódios é o
discurso que ele faz, em códigos, em pleno palanque.
8- Mensagens Profundas e Bonitas
Há muitas reflexões e mensagens nessa série, tantas que eu
já estou com vontade de ver tudo outra vez. Logo nos títulos dos episódios,
você já consegue ver frases interessantes. Se tem uma coisa que essa série é,
essa coisa é inspiradora!
Os meus títulos de episódios preferidos: “Onde há ruína, há
esperança de um tesouro” (Episódio 1); “Esqueça a segurança, seja notório”
(Episódio 4) e “Levante palavras, não a voz” (Episódio 6). Já dá pra ter uma noção do quão incrível é a série, né?
Motivo Bônus: A série é super curtinha, tem uma temporada com seis episódios de 1 hora em média de duração. Isso pode ser uma boa notícia para os preguiçosos de plantão, mas uma notícia não tão legal para quem ficar viciada que nem eu. Você devora a série ou devora, não tem pra onde fugir, mesmo que o ideal seja degustar a série aos poucos. Eu não consegui, mas boa sorte para vocês.
Ainda bem que a segunda parte da
primeira temporada será lançada no início de 2017, que já não está mais tão
longe assim...