A última homenageada do mês é Chimamanda Ngozi Adichie!
Chimamanda ficou conhecida por seus discursos no TED sobre feminismo, educação e preconceitos. Eu a conheci, como já falei em alguns posts por aqui, pelo livro “Sejamos todos feministas”, que foi uma transcrição de um dos discursos que ela havia feito.
Se você não conheceu Chimamanda por seus livros ou por seus
discursos, talvez você conheça a música Flawless, da Beyoncé, certo? Pois bem,
a música possui um dos discursos de Chimamanda (“We should all be feminists”).
Talvez tenha sido a primeira vez que você ouviu falar no nome dessa escritora
nigeriana. E hoje, você vai conhecer mais sobre essa mulher incrível aqui!
Chimamanda tem 39 anos, nasceu na Nigéria e é filha de um
professor e de uma administradora. Quando completou 19 anos, ela se mudou para
os Estados Unidos para fazer faculdade. Já possui seis livros publicados —
cinco deles já traduzidos para o português — e um deles já foi adaptado para o
cinema: Meio sol amarelo.
Meio sol amarelo foi
publicado em 2006, traduzido para o português em 2008 pela Companhia das Letras,
editora oficial da autora aqui no Brasil. A história traz brigas de poder,
guerras e intrigas na alta sociedade da Nigéria. Confira a sinopse:
"Filha de uma família rica e importante da Nigéria, Olanna rejeita participar do jogo do poder que seu pai lhe reservara em Lagos. Parte, então, para Nsukka, a fim de lecionar na universidade local e viver perto do amante, o revolucionário nacionalista Odenigbo. Sua irmã Kainene de certo modo encampa seu destino. Com seu jeito altivo e pragmático, ela circula pela alta roda flertando com militares e fechando contratos milionários. Gêmeas não idênticas, elas representam os dois lados de uma nação dividida, mas presa a indissolúveis laços germanos — condição que explode na sangrenta guerra que se segue à tentativa de secessão e criação do estado independente de Biafra."
Veja também: Malala, a garota que lutou por igualdade
Além de Meio Sol Amarelo, Adichie também já escreveu: Hibisco Roxo (2003) — do qual já
fiz as primeiras impressões —, The thing around your neck (2009) — sem tradução
ainda —, Americanah (2013), Sejamos todos feministas (2014) e Para educar
crianças feministas: um manifesto (2017), além de poemas e uma peça de teatro.
“Escolher escrever é rejeitar o silêncio”.
Chimamanda é uma influência para as mulheres hoje em dia,
inclusive para mim. Aliás, influência para todos, já que, assim como Emma Watson, ela acredita que os homens devem fazer parte do feminismo, pois a
igualdade deve partir dos dois gêneros.
"A meu ver, feminista é o homem ou a mulher que diz: 'Sim, existe um problema de gênero ainda hoje e temos que resolvê-lo, temos que melhorar'. Todos nós, mulheres e homens, temos que melhorar".
A escritora foi incluída na lista dos 20 melhores escritores
com menos de 40 anos pela New Yorker, em 2010 e já ganhou o Orange Prize por Meio Sol Amarelo. Super merecido! A autora traz
críticas e reflexões em todas as suas obras, nos mostra as entranhas da Nigéria
e tenta desconstruir a ideia de que na África só tem sofrimento, doenças e morte.
Aliás, ela nos mostra o perigo de uma única história (cujo discurso foi tema de discussão em uma das minhas aulas na faculdade, uma das melhores aulas que já tive) e que África é um
continente enorme, não um país, onde tudo é só desgraça e pobreza.
Para mim, Chimamanda é uma pessoa com o dom da palavra. É uma mulher valente, de fortes e sensatas opiniões. Ela é mulher negra e nigeriana, linda e inteligente. É mulher de sucesso e influência. E também é aquela palavra de que muitos têm medo de usar ou preguiça de ouvir: ela é feminista! E todos nós também deveríamos ser.
“Algumas pessoas perguntam: ‘por que a palavra feminista? Por que não dizer que você acredita em direitos humanos, ou algo parecido?’. Porque isso seria desonesto. Feminismo é, claro, parte dos direitos humanos em geral – mas utilizar uma expressão tão vaga como ‘direitos humanos’ seria negar o problema específico do gênero. Seria um jeito de fingir que não foram as mulheres que foram, por séculos, excluídas. Seria um jeito de negar que o problema de gênero tem como alvo as mulheres. Que o problema não é sobre ser humano, mas especificamente sobre ser uma mulher. Por séculos, o mundo dividiu os seres humanos em dois grupos e então excluíram e oprimiram um grupo. É justo que a solução para o problema leve isso em consideração”.
Ainda em tempo, sugiro a leitura deste texto, que eu achei enquanto pesquisava e simplesmente amei: Por que ler Chimamanda Ngozi Adichie.