Foi meu primeiro contato com a escrita
de Chimamanda num romance, mas eu já nutro uma grande admiração pela autora por
seu livro “Sejamos todos feministas” e suas palestras e discursos. Já queria
ler Hibisco roxo tem um tempo, então, pesquisando no mundo da internet,
encontrei uma degustação do livro e baixei.
São apenas treze páginas e
termina num momento tenso. E isso é incrível! Foram apenas treze páginas —
talvez até menos — para me fisgar e me fazer querer continuar a ler. O problema
é que ainda não possuo o livro, ou seja, vou sofrer um pouco (muito) até
adquirir meu exemplar, pensando no que vai acontecer.
Hibisco roxo traz uma garota
nigeriana como protagonista: Kambili. O livro retrata, através de sua narrativa
e ponto de vista, sua vida e relacionamentos. Logo de início, Chimamanda mostra
a crítica arraigada à obra. O pai de Kambili, Eugene, é um fanático religioso
(ao menos foi o que me pareceu), que prefere as tradições mais europeias às do
povo nigeriano. É um homem conservador e violento também. Isso é o que dá para
entender apenas nesse início e com a sinopse do livro.
A primeira cena mostra a família
de Kambili reunida após voltarem da igreja. Jaja, irmão da protagonista, não
havia recebido a comunhão e o pai o questionou. O garoto respondeu de forma
ousada “Aquele biscoito me dá mau hálito.”, o que deixou Kambili desesperada e
o pai enfurecido. Mas o garoto não recuou, continuou a desafiar o pai. O pior
só não aconteceu porque a mãe chegou e, como se nada tivesse acontecido,
acalmou os ânimos de todos.
"— Você não pode parar de receber o corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo. Isso é a morte, e você sabe muito bem."
"— Então eu morrerei."
As poucas páginas a que tive
acesso já estavam carregadas de críticas, nos fazendo refletir, questionar e,
principalmente, ficar curiosos com o resto da história. A escrita de Chimamanda
é gostosa, fluida e tem um ritmo perfeito. A narrativa é rica em detalhes, sem
deixar a leitura ficar tediosa ou confusa. Além de nos mostrar um pouco sobre a
realidade da Nigéria atual, pois muitas vezes, a mídia não traz todas as
informações e aí está, como a própria Chimamanda já discursou uma vez, o perigo de uma história única. Quando temos apenas a mídia para nos mostrar como é a
Nigéria ou a África como um todo, fica difícil saber tudo o que se passa por
lá, afinal, a mídia só relata uma parte da vida daquele povo.
"Nosso jardim era tão grande que nele caberiam cem pessoas dançando atilogu, tão espaçoso que cada pessoa poderia dar as piruetas de praxe e cair nos ombros da pessoa seguinte. [...] Mais perto da casa, os coloridos arbustos de hibiscos se esticavam e tocavam uns aos outros, como se estivessem trocando pétalas. Os arbustos de hibiscos roxos começavam a florescer lentamente, porém a maioria das flores ainda era vermelha."
Achei este começo de Hibisco
Roxo bastante promissor. Espero gostar tanto dele, como gostei do livreto “Sejamos
todos feministas”. Quem sabe Chimamanda não entre para o meu hall de escritores
favoritos, né? No hall de pessoas favoritas ela já está.
Agora é aguardar ter um dindin
para comprar o livro e terminar de ler.
E você, já leu Hibisco Roxo? Me
conta aí o que achou!
Eu ainda falarei mais da Chimamanda numa postagem especial sobre ela, assim como fizemos com a Brienne, Emma Watson, Malala e Leia. Todas mulheres inspiradoras em homenagem ao mês das mulheres. Mas talvez esses especiais virem coluna fixa, o que acham?