Olá, pessoas! Hoje eu vim trazer mais uma entrevista com autores, e dessa vez será com a Lu Evans, criadora da série Zylgor. Lembrando que temos resenha de A Princesa das Águas e em breve teremos também do segundo volume, O Príncipe Flamejante.
Sobre a autora: A Lu nasceu em João Pessoa, na Paraíba, e é formada em Comunicação Social pela UFPB. A escritora também já teve experiência com o teatro, criou textos que foram encenados pelo grupo Matraca e ainda trabalhou com direção e produção. Atualmente, ela mora nos Estados Unidos.
E agora vamos a entrevista:
Lu: A minha história
como escritora não é muito original. Como todos os outros da minha raça, eu
gosto de literatura desde sempre. Primeiro, gostava de ouvir histórias, depois,
de ler, e logo que fui alfabetizada, passei a gostar de escrever também.
DNA: Qual o autor(a) de
maior referência para você? Algum livro preferido?
Lu: Ariano Suassuna é o
meu autor favorito, uma grande referência para mim não apenas por ser um autor
conterrâneo, mas principalmente por incluir em sua obra uma riqueza humanística
com grande qualidade artística; mas a obra que mais gosto não é dele, e sim de
um autor desconhecido. O título é O
Épico de Gilgamesh.
DNA: E de onde veio a
inspiração para a série Zylgor?
Lu: Foi quando assisti
ao filme História Sem Fim, baseado no livro do Michael Ende. Eu já estava
querendo escrever algo, só não sabia o que, e o filme me deu a inspiração que
eu precisava para começar.
DNA: Se você pudesse ser
um dos personagens dos seus livros, quem gostaria de ser e por quê?
Lu: Eu seria uma das
fadinhas. Elas são superpoderosas e bem bonitinhas, e também são atrevidas,
sarcásticas, inconsequentes e temperamentais.
DNA: Caso você pudesse
portar um cristal, assim como Lílat e Cã, qual deles você escolheria e por quê?
Lu: Cristal Água. Meu
signo é câncer, então sou muito ligada a esse elemento da natureza. Ao mesmo
tempo, tenho muito medo de água. Rio, lago, mar... Amo, mas tenho medo, então
com o cristal água, eu não precisaria ter tanta preocupação em ser devorada por
piranhas, jacaré ou tubarão.
DNA: Zylgor é uma série
de fantasia, esse também seria seu gênero preferido?
Lu: Não. Meu gênero
favorito é a ficção científica. Mas eu gosto de literatura fantástica de uma
forma geral.
DNA: E qual seria a
principal mensagem ou ideia que você quis transmitir com seus livros?
Lu: Eu tentei fazer uma
aventura despretensiosa. De forma consciente, não quis transmitir uma
determinada ideia, mas inconscientemente a gente acaba colocando no texto
algumas mensagens. Para mim, é difícil definir quais são, e tenho certeza que
cada leitor tira do texto algo diferente, já que a leitura é uma experiência
muito subjetiva.
DNA: Como
escritora, qual seu maior sonho?
Lu: Não é ser famosa ou
transformar meus livres em filmes como os demais autores dessa geração (em
especial os novatos), e sim viver como uma autora profissional no sentido de
pagar minhas contas. Só isso. Parece pouco, mas na verdade dá um trabalho
desgraçado se firmar nesse mercado.
DNA: Em sua opinião,
qual a maior vantagem e a maior desvantagem de ser escritor?
Lu: Como toda profissão,
tem um lado bom e um ruim. No meu caso, o lado bom é receber a energia positiva
dos leitores que gostam da obra (sejamos francos, não temos que agradar a
todos).
O lado ruim é ser
forçada a desempenhar funções paralelas que roubam o meu tempo de escrita, já
que ainda não tenho como me manter desempenhando a profissão de escritora. Essa
é uma desvantagem crucial para qualquer autor. Vejo muitos deles frustrados por
não terem como viver com o que ganham por suas obras. É duro principalmente
quando o autor se depara com trabalhos de pouco valor literário sendo lidos por
milhões de pessoas como é o caso de 50
Tons de Cinza. É uma situação que acaba desmotivando até mesmo escritores
que já estão no mercado a algum tempo. Muitos acabam se sentido desvalorizados
e desistindo da carreira.
DNA: Na hora da
publicação, como foi o processo? Quais foram suas maiores dificuldades?
Lu: Com o primeiro livro
da série aconteceu algo terrível que me deixou muito triste. Eu tinha mais de
um arquivo com o mesmo nome em pastas diferentes (meu computador é uma
bagunça). Alguns arquivos eram mais antigos. Um dia, pouco antes de colocar o
livro no site Amazon, resolvi apagar todos os arquivos antigos, e, para
completar, achei que seria uma ideia brilhante limpar a lixeira. Como sou muito
descuidada, não tinha mandado cópia por meu e-mail ou qualquer outro tipo de
backup. Acontece que o arquivo mais novo foi deletado por engano, e fiquei justamente
com o mais antigo que estava cheio de erros. Não percebi a mancada. Então
algumas pessoas estavam lendo o livro e me alertaram para a quantidade de
erros. Quando fui revisar e vi o caos, fiquei naquele estado de choque, de
desespero. E levou um tempão para colocar tudo nos eixos novamente. Essa foi,
sem dúvida, a minha maior dificuldade durante o processo de publicação.
DNA: Você pretende
se arriscar em outros gêneros? Tem algum projeto futuro para compartilhar com a
gente?
Lu: Pretendo ficar na
esfera do fantástico, mas trabalhando com todos os subgêneros. Eu e a autora
Graci Rocha, por exemplo, estamos já vendendo o SOMNIIS, que é uma distopia.
Tenho também uma sci-fi em inglês que estou negociando com agentes literários dos
EUA. Além desses dois projetos já finalizados, tenho mais dois planejados: um
terror gótico e uma fantasia. Outra decisão importante é que, desse ponto em
diante, não farei mais séries ou livros longos, apenas novelas que não
ultrapassem 300 páginas. Desse modo, acredito, poderei produzir mais e melhor.
DNA: Qual sua
relação com outros autores nacionais? Tem contato com algum? O que você acha da
literatura brasileira atualmente?
Lu: A nossa literatura é
muito rica. Nossos autores são talentosos e se esforçam para preparar um bom
texto e assim terem mais chance de concorrer com os estrangeiros.
Tenho um canal literário
no youtube e estou abrindo espaço para autores nacionais apesar de o canal ser
específico para literatura fantástica clássica. Todo mês, entrevisto um deles.
Já entrevistei Ana Lúcia Merege e Graci Rocha, e tenho mais três entrevistas
agendadas. Planejo aprofundar esse projeto de valorização da literatura
fantástica brasileira no ano que vem, apresentando resenhas das obras dos
nossos autores.
DNA: Para finalizar,
deixe um recado para seus leitores, um conselho para quem está começando e
sonha em publicar um livro e o que mais você quiser falar.
Lu: Por favor, não
coloquem nomes estrangeiros em seus personagens ou títulos, a não ser que a
história precise ser ambientada em outro país e/ou seja escrita em outra língua.