Entrevista: Irmãs de Palavra


Olá, pessoas! Eu trouxe para vocês uma entrevista um pouco diferente do que estamos acostumados, hoje é em dose dupla!! Dessa vez eu conversei com a Kelly Shimohiro e a Dany Fran, parceiras aqui do blog, autoras de Dias Nublados e O Estranho Contato, e também as responsáveis pelo projeto Irmãs de Palavra.

 Sobre elas: Além de irmãs de palavras, elas também são irmãs de sangue. Kelly é psicóloga e mora em Londrina, enquanto Dany é jornalista e vive em Maringá. Ambas são apaixonadas por histórias. 

Confira a entrevista:

1 – Quando e por que vocês decidiram ser escritoras?

Kelly Shimohiro: Acho que sempre fui uma “inventadora” de histórias. Minha cabeça produz histórias, mesmo que eu não queira. Isso acontece desde sempre. Eu sabia que, um dia, eu iria escrever alguma coisa realmente. Esse dia aconteceu com O Estranho Contato.

Dany Fran: Comigo escrever ficção entrou depois. Primeiro consumidora apaixonada (pra todo sempre) dos livros. Depois contadora de histórias reais como jornalista. E após uma ruptura de olhar, agora também narradora de outras histórias ficcionais. A realidade é grande pauta das minhas criações. Foi assim com Dias Nublados. 

2- E sobre o projeto Irmãs de Palavra, como e por que ele surgiu?

Irmãs de Palavra: Duas irmãs com uma paixão em comum: pelos guardadores de memórias, por livros. Uma borbulhando a fantasia, outra perambulando entre as margens do real e da ficção. Quando nós terminamos de escrever nossos primeiros romances nos olhamos e pensamos: E daí... como vamos colocar essas histórias no mundo? Foi aí que surgiu a ideia de criar um site, irmãsdepalavra.com.br para fazer barulho, contato com possíveis leitores, expandir o acesso as nossas palavras. O que era pra ser um site apenas pra expor os livros, movimentou e cresceu. Hoje o projeto literário Irmãs de Palavra tem posts semanais, é um ponto de encontro de leitores e autores. Mantemos dois clubes do livro, um em Maringá e outro no Paraná. Participamos de bienais, Flip, e tantas outras feiras literárias. Juntas nossas histórias estão em movimento.

3- Qual o autor(a) de maior referência para vocês? Algum livro preferido?

Kelly Shimohiro: Leio muita coisa desde criança. Vou citar um autor que “descobri”agora e estou adorando: Haruki Murakami. Tem sempre um lado fantástico nas histórias dele (na própria história pessoal também), que eu sou apaixonada. Além de um jeito de escrever que gruda o leitor nas páginas. É magia em palavras.

Dany Fran:  Está aí uma pergunta que sempre fazem. E eu já mudei muito de resposta. Livro preferido, não mais. Talvez, livros!  E em cada momento que for responder, possivelmente a lista não será a mesma. Claro que tem as figuras que não saem da sua cabeça. Tipo Clarice Lispector. Eliane Brum. Por aí, vai ‘pescando’ palavras que me tocam.

4 - Quais foram as inspirações para Dias Nublados e O Estranho Contato? E como foi o processo de escrita?

Kelly Shimohiro: O Estranho Contato nasceu em uma noite escura de chuva. Eu sentei na frente do computador, a Ágatha Guiller apareceu e tudo começou. Há muitos e muitos anos, quando eu ainda era uma garota, eu li um livro (que estou relendo), chamado Além do Humano (Theodore Sturgeon) e nele há poderes sobrenaturais (como teletransporte, telepatia, etc) e vida sobre-humana, como o título do livro diz. E depois de tanto tempo, me vejo escrevendo sobre esses temas, sem nunca mais ter pensado sobre isso. Acho que a história começou há muitos e muitos anos. O processo de escrita foi estranho no começo, porque eu nunca tinha feito formalmente. Tive e tenho que aprender muita coisa, como disciplina, técnicas narrativas e coisas do gênero. Mas o mais importante de tudo num processo criativo de escrita, para mim, é você acreditar no que está fazendo. E se encantar com aquilo. E quase explodir com a história dentro de você.

Dany Fran: Uma praia. Uma estrada. Um acidente. Após a morte da minha irmã mais velha eu nunca mais noticiei acidentes da mesma forma. E ser contadora de histórias reais, como jornalista, também mudou. Além de editar os fatos reais, eu também quis criar histórias ficcionais. O que antes, sinceramente, nunca tinha passado pela minha cabeça. Mas tudo mudar não é só ruim. No caso das histórias, hoje, perambular entre as notícias e romances, é uma aventura que dá mais sentido a minha história.

5 - Se vocês pudessem ser um dos personagens dos seus livros, quem gostariam de ser e por quê?

Kelly Shimohiro: Ah, muitos! Mas se fosse exatamente hoje, eu seria o Fred. Não é o protagonista da história, mas está no núcleo central. E tem papel crucial na trama, além de características, como: corajoso, amigo, solidário, estrategista, adaptável, bem-humorado, valente e algumas esquisitices. Enfim, Fred é uma graça! Quem não gostaria de ter um amigo assim?

Dany Fran: Ui... olha que como meu primeiro livro foi uma obra inspirada em fatos reais, mas não autobiográfico, eu já me esforcei muito em mostrar, provar que tal personagem não era eu. Bobeira, talvez, só minha! Que diante da sua pergunta me toquei que eu nunca pensei muito a respeito. Agora, tem uma história que eu comecei a trabalhar, que não é baseada em fatos reais, que tá borbulhando na minha cabeça; pensando nesta história, no trio principal (um homem e duas mulheres) que a compõem eu me flagrei desejando ser Amanda. Uma ginasta que abraça o ‘presente’.

6 - E qual seria a principal mensagem ou ideia que vocês quiseram transmitir com seus livros?

Kelly Shimohiro: Uma história de amor. Em primeiro lugar, de amor pessoal, de descoberta de si mesmo, de coragem de enfrentar suas verdades, mesmo que sejam totalmente inaceitáveis pela lógica habitual. Um mergulho em si mesmo. Precisa ter coragem para isso. Desvendar os mistérios da sua própria história. Além de toda a diversão das realidades paralelas que existe em O Estranho Contato, como uma metáfora a nossa criação mental de mundos paralelos.

Dany Fran: Possibilidades. As histórias são cheias delas. Dias Nublados é um romance que transita por fins e alguns recomeços de seus personagens. Com delicadeza e também aridez fala de morte e vida.

7 - Como escritoras, quais seriam seus maiores sonhos?

Kelly Shimohiro: Ver a literatura nacional ganhando cada vez mais espaço. E que as Irmãs de Palavra colaborem para esse avanço.

Dany Fran: Ter outras histórias publicadas. Acompanhar o crescimento e valorização da literatura nacional, junto com o projeto literário das Irmãs de Palavra, expandindo histórias plurais.

8 – Na opinião de vocês, qual a maior vantagem e a maior desvantagem de ser escritor?

Kelly Shimohiro: Vou falar da desvantagem: sem horário fixo, manter a disciplina da escrita diária. E a vantagem: sem horário fixo, descobrir sua própria disciplina e, ah, melhor de tudo, inventar mundos e ficar com esse monte de personagens perto de você. E quando alguém lê a sua história e se diverte, e se toca de alguma coisa, e se emociona – isso é um fenômeno.

Dany Fran: pra começar (porque eu sempre degusto primeiro o que mais gosto, quero ouvir a boa notícia ou aproveitar a melhor parte) fazer parte da legião que cria outros universos e com as palavras cria mundos mais divertidos. Putz, isso é uma baita vantagem. Agora o difícil pra mim, no momento, está sendo organizar horas de trabalho pra escrita literária. Encontrar espaço e dividir com as horas de trabalho como jornalista.

9 - Na hora da publicação, como foi o processo? Quais foram suas maiores dificuldades?

Irmãs de Palavra: Fizemos todo o processo de praxe, enviamos originais para muitas editoras até encontrarmos nossa casa, a Editora Empíreo. E para divulgarmos nossos livros, o Irmãs de Palavra nasceu – então, foi genial essa coisa de se debater para publicar, acabamos inventando outra coisa, nosso blog literário.

10 – Vocês possuem algum projeto futuro para compartilhar com a gente? Pretendem se aventurar em outros gêneros?

Kelly Shimohiro: Muitos!! Vontade de escrever um milhão de histórias. No meu caso, tem sempre um veia fantástica me rondando. E muitas ideias para o Irmãs de Palavra, como um canal de histórias, de exaltação da nossa literatura, um canal mágico, com o poder curativo que as palavras tem. As palavras certas, as boas, fazem uma imensidão na vida de qualquer pessoa.

Dany Fran: Criar tantos ‘becos’ das Irmãs de Palavra. Trabalhar para tornar esse projeto um gigante que chacoalhe muitas histórias. E por falar nelas, claro, quero continuar além das notícias, escrevendo ficção também!

11 - Qual a relação de vocês com outros autores nacionais? Tem contato com algum? O que acham da literatura brasileira atualmente?

Irmãs de Palavra: A literatura brasileira atual é uma abundância de possibilidades. Amamos muita gente. Karen Debértolis. André Vianco. Cláudia Sobreira Lemes. Ben Oliveira. Lucas Dallas. Rodrigo Garcia Lopes. Camila Kaihatsu. Nailor Marques Jr. E tantos outros. Talento em palavras esse Brasil.

12 - Para finalizar, deixem um recado para seus leitores, um conselho para quem está começando e sonha em publicar um livro e o que mais vocês quiserem falar.

Kelly Shimohiro: Leitor, você é o maior contato de todos. O fim, o meio e o começo de toda história. Para quem quer escrever: ouse, seja você mesmo e invente o próprio jeito de contar histórias. E vá em frente, precisamos de muitas histórias boas no mundo. Que seja a sua!

Dany Fran: As histórias acabam sendo escritas por nós, escritores e leitores. Existe um diálogo entre ambos que cria novas versões. E isto é fabuloso!  Nutre. Que a gente não pare de se ‘alimentar’ nunca!  Agora pra quem sonha em ser escritor: invista neste trabalho. Além de tudo o que no fundo já sabe, ler... ler..ler, saber técnicas narrativas ajudam, mas uma baita diferença é que criar a sua voz, com a sua verdade, sua alma. Bora! Todo dia, bora com as histórias! Que boa essa, que a gente acabou de criar, com essa entrevista. Demais essa conversa. Eu adorei! Beijão


Meninas, muito obrigada pela entrevista e por todo carinho e atenção com o blog. Amei conhecer um pouquinho mais sobre vocês!
E aí, gostaram da entrevista? Porque eu adorei! Os links para encontrar a Dany e a Kelly nas redes sociais são:

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