Sabe quando você começa a ver um
filme despretensiosamente? Acho que essa é a melhor maneira de assistir a um
filme, pois normalmente você se surpreende, tanto pro bem quanto pro mal, mas
no geral o saldo é positivo. Você não possui expectativas, então com certeza
não vai se decepcionar. No caso de Invasão Zumbi, eu conhecia de nome, queria
assistir quando estreou no cinema (21 de novembro de 2016), mas acabei
esquecendo e ele foi ficando para trás nas listas de filmes que eu queria ver. Então,
navegando pela Netflix, encontrei o título e resolvi dar uma conferida. Melhor
coisa que fiz.
Invasão Zumbi é dirigido por
Sang-Ho Yeon, se passa na Coreia do Sul e é muito diferente dos filmes de zumbi
americanos. O filme começa um pouco lento mostrando Sok-woo, um gestor de
investimentos que não dá muita atenção a própria filha, até que ele precisa
levar a menina para a mãe dela e pegam um trem para Busan. Porém, durante a
viagem, o trem é invadido por zumbis que já estavam causando um apocalipse nas
cidades da Coréia e agora começaram a matar passageiros do trem. Sok-woo
precisa salvar sua filha e a si mesmo, por isso, acaba sendo um tanto insensível
às outras pessoas, ao contrário de sua filha, que é gentil até num momento como
esse.
Enquanto o país está com cada
vez mais zumbis e mais pessoas morrem e se transformam a cada minuto, os
sobreviventes tentam chegar a Busan de qualquer maneira, já que a cidade é o
lugar mais seguro para se estar. Em meio a tanta ação, o filme também traz
drama e emoção. É aí que ele se diferencia da maioria das produções zumbis que
encontramos.
Invasão zumbi não é só ação com
um monte de mortos-vivos querendo morder alguém, há uma história interessante e
emocionante por trás. A evolução dos personagens, principalmente do
protagonista, é notável e comovente. A crítica do filme sobre egoísmo e
diferença de classes, entre outras críticas sociais, lembrando um pouco O
Expresso do Amanhã foi um ponto forte também. A presença de personagens
mesquinhos que não se importavam em jogar os outros para a morte a fim de se
salvar mostrou que os zumbis não eram a pior coisa naquele apocalipse.
A obra de Sang-Ho Yeon não traz
novidades em relação aos zumbis, que se transformam por um vírus misterioso e
contagiam outros os mordendo. O apocalipse zumbi é bem parecido com a maioria
do gênero, mas a forma como os zumbis se encaixam na história e a forma como
tudo é abordado que traz a originalidade do filme. A forma como foi filmado
também ficou muito interessante, com suspense e meio dramático. Também não teve
toda aquela coisa de armas de fogo, ataques de fúria, era puro instinto de
sobrevivência, usando o que tinham para sobreviver, agindo no improviso,
tentando sobreviver e salvar aqueles que amavam.
Apesar do final do filme ter me
feito chorar horrores e faltar uma conclusão sobre o que aconteceu com os
zumbis, com o resto do país e do mundo, Invasão Zumbi é ótimo e extremamente
emocionante. Nunca pensei que fosse dizer isso sobre um filme de zumbis. Os
detalhes trazem a singeleza das relações interpessoais, dos sentimentos e
emoções, unidos à brutalidade dos mortos-vivos, tudo na dosagem perfeita.
A trilha sonora é boa, a
fotografia melhor ainda; toda a parte visual com muita qualidade. O elenco me
conquistou, principalmente a Kim Soo-Ahn, a garotinha filha do protagonista.
Aliás, fiquei com vontade de assistir mais coisas do Gong Yoo, um ótimo ator. Os
diálogos emocionantes e a relação pai e filha trabalhada ao longo da trama foi
extraordinária e muito bem representada. O filme ensina sobre empatia brilhantemente
e me fez querer uma continuação. Infelizmente, quando fui pesquisar, só
encontrei que estão planejando fazer um remake, o que não me agrada tanto
quanto uma continuação, de preferência com o mesmo diretor.