[Resenha] Nano-Mortais - A Tecnologia do Inferno, do Acácio Brites

Nome: Nano-mortais: A Tecnologia do Inferno | Autor: Acácio Brites | Gênero: Ação/Suspense/Ficção científica | Editora: Coerência | Ano: 2016 | Páginas: 279
Sinopse: Estamos em 2025. No auge da Era Tecnológica, um renomado médico cientista chamado Nikolai Engerhoff é descobridor e aperfeiçoador da Nanotecnologia, uma tecnologia inovadora capaz de curar qualquer doença já diagnosticada. Pelo menos, esse era o plano inicial!
Após os primeiros testes em seres humanos terem sido bem-sucedidos, os pacientes da Nanotecnologia começaram a desenvolver certos efeitos colaterais: raiva, ódio, violência e instintos selvagens. Tais sintomas não sumiam nem mesmo depois que os pacientes morriam. Eles começaram a desenvolver um surto psicótico, prontos para matar, espalhando a nomeada "Praga Nano" por todo o Planeta.
Essa praga viral começou a se espalhar pelo mundo, afetando a vida de bilhões de pessoas, inclusive a do famoso e recém-aposentado jogador de futebol Scott McConnell.
Será que Scott conseguirá sobreviver a essa guerra do futuro? Ele salvará a vida de seu filho e das pessoas que ama?
Nano-mortais – A tecnologia do inferno chama atenção pelo nome e empolga pela sinopse, mas decepciona em alguns quesitos. Talvez eu tenha ido com expectativas demais para a leitura e o livro não correspondeu ao que eu esperava. Porém, houve pontos positivos também e o principal deles é a originalidade.

O autor escreveu sobre um tema que é escasso no cenário da literatura nacional: zumbis. E fez isso de uma forma bastante interessante. Os zumbis de Acácio não são meros mortos-vivos, são inteligentes e rápidos, são parte de uma tecnologia que se desviou de seu propósito inicial. E a trama que os envolve foi muito bem construída, explicando a maior parte das dúvidas do leitor (terá um segundo livro para responder aos cliffhangers deixados no final deste volume).

Outro ponto positivo da história foi o protagonista negro, coisa que também foge dos padrões dos protagonistas num geral. Uma pena eu ter odiado ele. Seu nome é Scott Mcconnell. É um famoso ex-jogador de futebol que vive com a família em Nova York e que se aposentou precocemente por um problema no joelho. Por isso, foi convidado por um doutor chamado Nikolai Engerhoff a fazer uma cirurgia com a nova nanotecnologia que ele criara, capaz de curar qualquer doença existente. Porém, essa tecnologia não vai bem como o esperado. Após a euforia inicial, todos começaram a perceber as mudanças causadas por quem se submetia a nanotecnologia. Sintomas de raiva, violência e instintos selvagens, que se espalharam rapidamente pelo mundo.

É então que começa a Praga Nano ou “tecnologia do inferno”. As pessoas começam a atacar umas as outras e mesmo depois de mortas, continuam andando e espalhando a praga, criando um exército de zumbis cada vez maior.


Scott, que no início, parece ser um protagonista interessante, acaba se tornando chato e até meio idiota. Muitas vezes, ele parecia até meio insensível ao que estava acontecendo, era a droga de um apocalipse zumbi e milhares de pessoas estavam morrendo. Ele conseguiu dormir tranquilamente depois de ver pessoas próximas a ele morrerem, eu achei isso ultrajante. O que me leva ao próximo tópico: o romance dele com Natasha.

Natasha é uma personagem carismática, que conquista logo de cara, mas que é um pouco abafada pelo romance com o protagonista. Achei a introdução desse romance estilo “amor verdadeiro” meio forçado e muito Disney para um livro desse tipo. Ainda mais pelo pouco tempo cronológico entre o começo e o fim da trama. O melhor grupo de personagens é introduzido mais tarde: o pai e o filho de Scott e alguns dos soldados que vieram para resgatar as pessoas e levá-las a um lugar seguro.

Imagem tirada da página Nano-Mortais - A Tecnologia do Inferno.

Como eu disse, o autor foi muito original na criação da história, mas peca em alguns momentos da narrativa, que é em primeira pessoa. Aparecem algumas cenas que Scott não estava presente, mas sem aviso de uma mudança de ponto de vista, o que ficou um pouco estranho. Eu também senti falta de mais momentos de terror, elementos que mexessem com nosso psicológico, mas achei interessante a abordagem mais tiro, porrada e bomba, com um fundo político. Além disso, possui alguns erros de revisão, não a ponto de atrapalhar a leitura, mas o suficiente para incomodar um pouco. Eu gostei da linguagem informal que o autor usou para narrar, mas em certas partes achei um exagero de informalidade, como as risadas nos diálogos.
Apesar de eu não ter gostado de algumas coisas, eu adorei o vilão. Ele é extremamente manipulador, insano e cruel e me fez sentir raiva quase que o livro inteiro. E por falar em crueldade… Caramba, Acácio, para que todo esse ódio no coração? Dava nem tempo de chorar, porque já acontecia outra tragédia em seguida. Fez curso com o Martin? Haha E que final! Original como toda a obra e eu diria que um foi um final corajoso.


Sobre o trabalho da editora coerência nesse livro, eu achei demais! A capa e a diagramação lindas, uma fonte em bom tamanho e as artes no meio do livro muito legais.

Por fim, quero dizer que apesar de Nano-mortais não ter me empolgado como imaginei que faria, ele conseguiu me prender e a leitura foi agradável. Acácio trouxe uma abordagem bastante humana em meio a um apocalipse zumbi, o que eu creio não ser fácil de se fazer. Fazer a proposta de salvação ser a maldição da humanidade foi muito perspicaz. E, obviamente, muitas das coisas que me incomodaram não farão diferença para outros leitores, então, para quem gosta do gênero e quer conhecer algo novo e original, ainda mais no clima de Halloween desse mês, leia Nano-Mortais – A tecnologia do Inferno.


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