Ultimamente tenho assistido a filmes e séries que me desestabilizam um pouco pelo choque que me causam e pelas reflexões transmitidas. Eu gosto de produções assim, já até fiz um vídeo sobre isso no canal, onde indico 5 Filmes para refletir sobre a vida, o universo e tudo mais.
Uma dessas séries é A Louva-a-Deus (La Mante), que estreou na Netflix ano passado e está no catálogo como um original do serviço, apesar de não ter sido produzida pela mesma. A série (na verdade, uma minissérie) é uma produção original francesa, mas que a Netflix adquiriu os direitos de exibição fora do país de origem.
A trama é sobre uma serial killer conhecida como Louva-a-deus que matou oito homens na década de 1990 e foi presa pelos seus crimes. Vinte e cinco anos depois, surge um imitador, com a única diferença de que as vítimas não são homens comprovadamente abusadores, como eram as vítimas da assassina original. Jeanne Deber, a louva-a-deus, então, oferece ajuda à polícia para capturar esse novo assassino, mas apenas com uma condição: ela só trabalha com o filho policial dela, Damien Carrot.
A série, apesar de algumas ressalvas que falarei mais pra frente, é incrível e merece ser assistida. Por isso, eu listei 7 motivos para você assisti-la.
1- Produção Francesa
Como eu disse, A Louva-a-deus foi produzida na França e isso por si só já é um motivo para assistir. Por quê? Simplesmente porque foge do padrão americano/britânico que consumimos em abundância. Dá para notar a diferença na forma como é filmado, na fotografia e até mesmo nos diálogos. Vale a pena conferir, seja dublado ou ouvindo o som original francês (ótimo para quem quer dar aquela treinada). Ou ainda, dublado em outra língua, como o italiano, que foi o que eu fiz, pois quero aprender mais dessa língua. O importante é assistir!
2- Elenco
Todo o elenco foi muito bem escolhido para cada personagem e eu achei que todos atuaram muito bem, em especial, Carole Bouquet como Jeanne Deber. Apesar de eu achar alguns rostos conhecidos, eu não conhecia nenhum dos atores e me surpreendi com algumas atuações. Pesquisando, vi que alguns já têm uma carreira relativamente bem sucedida. É sempre bom conhecer novos talentos também. E todos se encaixaram bem em seus papeis.
Equipe de investigação do imitador da Louva-a-Deus. |
3- Episódios
Para os preguiçosos de plantão, a série, na verdade, é mini: 6 episódios no total. E mesmo que sejam grandes (50-60 minutos cada episódio), dá para assistir em um dia, tranquilamente. Porém, não aconselho maratonar tudo em um dia só. Eu sou a louca das maratonas e assisti em três dias (o que é muito para a mim, considerando que já assisti o dobro disso nesse mesmo tempo). A Louva-a-Deus é daquelas séries para você saborear e degustar cada episódio calmamente. Mas aviso logo: é muito difícil! Quando termina um, você quer o próximo logo, pois todos terminam com um gancho desesperador, uma pista do que vai acontecer e você fica com uma vontade louca de descobrir logo o que vai acontecer.
4- Críticas
A série faz ótimos perfis psicológicos dos personagens e traz ótimas críticas. A principal delas é aquela dúvida que permanece sem uma resposta definitiva: um assassino nasce assim ou se torna um? No início do post, eu disse que a série me chocou de algum modo. Eu disse isso por conta de eu ter começado a gostar um pouco de Jeanne, mesmo ela tendo feito tudo o que fez… E a reflexão que fica é: por que ela fez aquilo? Qual a efetividade da justiça e o quanto isso influenciou na “criação” do que Jeanne se tornou?
Além disso, A Louva-a-Deus mostra que as aparências enganam e há muito mais entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia, como já dizia Shakespeare. Há ainda outras reflexões mais sutis sobre o perigo da internet, relacionamentos abusivos e até mesmo alguns preconceitos (não foi à toa a protagonista ser uma serial killer mulher com um perfil que estatisticamente pertence aos homens).
Além disso, A Louva-a-Deus mostra que as aparências enganam e há muito mais entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia, como já dizia Shakespeare. Há ainda outras reflexões mais sutis sobre o perigo da internet, relacionamentos abusivos e até mesmo alguns preconceitos (não foi à toa a protagonista ser uma serial killer mulher com um perfil que estatisticamente pertence aos homens).
5- Relacionamentos
Com o desenrolar da trama, vamos vendo o quão importante é a família para o psicológico de uma pessoa. Os relacionamentos entre Damien e Jeanne, entre ele e sua esposa, e vários outros, dão profundidade à série. O final é arrebatador, ainda que simplório, pois mexe justamente com essa questão dos relacionamentos familiares e da crítica principal da série.
6- Referências
Algumas cenas que lembraram cenas clássicas de alguns filmes. O mais claro para mim foi a referência a O iluminado, mas também podemos ver certas semelhanças da nossa protagonista com Dexter (ambos são serial killers missionários – querem livrar o mundo de algo que julgam imoral – e são motivados por coisas que ocorreram em suas infâncias).
7- Suspense
Sou daquelas pessoas que leem ou assistem a suspense já tentando bancar a detetive e descobrindo antes da história acabar quem é o culpado. Mas A Louva-a-Deus foge dos clichês e surpreende a todo o momento! Mudei de suspeito mais do que mudo de roupa e no final, fiquei completamente chocada, o culpado era alguém extremamente peculiar. Esse suspense que a série trouxe é essencial para o desenrolar da trama, pois é ele, junto com os dramas familiares – por assim dizer – que te deixam vidrado até o último minuto.
A série é uma produção incrível e que vale a pena ser conferida, mas tenho algumas ressalvas a fazer. Apesar de ter amado basicamente tudo, tiveram três coisas que me incomodaram um pouco.
A primeira foi em relação ao sentimento mostrado por Jeanne. Ela era fria o tempo todo, mas era inegável o amor que sentia por seu filho. Mas se ela era uma psicopata, como disseram que ela era, não deveria existir esse amor, a não ser que ela não fosse uma psicopata, apenas uma serial killer realmente. Fiquei um pouco confusa e receosa nesse aspecto.
A segunda coisa que me incomodou foi a personagem Szofia, que fazia parte da equipe de Damien na busca pelo imitador. Não propriamente ela, mas como trataram a personagem, que tinha tanto potencial e acabou mal trabalhada em minha opinião. E por último, vi numa crítica algo sobre a série ter indícios de transfobia.
SPOILER ALLERT! (selecione para ver)
A série aborda o assunto da transexualidade, mas não entendi onde a pessoa viu transfobia na produção. Seria algo pela mulher trans ter virado uma assassina por conta da rejeição do pai e a raiva que sentia em relação a isso. Mas a série não generaliza em momento algum! Eles explicam que a única referência que a imitadora tinha era Jeanne, que a salvou de seu pai abusivo, matando-o, então sempre que era rejeitava, recorria a mesma “solução”. Não acho que nada disso tenha a ver com transfobia, mas sim com a capacidade de qualquer um poder virar um assassino. Como eu disse, a série traz essa questão do assassino nascer assim ou ser criado pelas circunstâncias. Quem me conhece minimamente, sabe que sou contra qualquer tipo de preconceito, ainda que “sem querer” e realmente não acho que esse foi o caso. Não é como se eles dissessem que todo trans que sofre alguma rejeição vai virar um serial killer, ainda que essas pessoas sofram sequelas psicológicas muitas vezes, o surgimento de um assassino em série não é tão simples de se explicar assim.
FIM DO SPOILER!
Portanto, a série vale muito a pena e o único defeito imperdoável dela é ser tão curta! Para quem gosta de suspenses com personagens intrigantes, pitadas de drama e do assunto “Serial Killer”, vai gostar dessa série.
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