[Resenha] As GRANDES Aventuras de Daniella, de L.L. Alves

Nome: As GRANDES Aventuras de Daniella | Autora: L.L. Alves | Gênero: Chick-lit | Editora: Arwen | Ano: 2016 | Páginas: 352
Sinopse: Bom, o que eu tenho a dizer sobre esta história maluca que estou prestes a contar? É simples: vocês não vão acreditar. Sério mesmo. Vai parecer loucura, com minha boca suja, dois pés esquerdos, noites inusitadas e quilinhos a mais (muito mais, mas não vamos entrar em detalhes...). Mas vou fazer o quê? É a verdade. E eu vou contar para vocês porque... Sei lá. Na verdade, eu nem devia estar contando, alguns de vocês vão se chocar.Ainda está aqui? Bom, o risco é todo seu. Prepare-se.
Ah, é verdade, esqueci de me apresentar (típico). Meu nome é Daniella Fagundes, vinte e oito anos, namoro com o Thiago há dois anos e posso dizer que tudo está mais que perfeito! (xi, exagerei agora, né?). Também adoro comer e sou diferente de qualquer outra mulher que já tenha contado sua história para vocês. Por quê? Porque sou uma daquelas mulheres conhecida como gordinha. Sabe como é? Eles não se referem a mim como a sagaz Daniella ou a superconfiante Daniella. Sou apenas a gordinha do grupo. Sempre tem que ter um, não é?
Bom, é isso aí, acho que deu para entender. Afinal, vocês estão prestes a conhecer as minhas aventuras de autoconhecimento e de... Comece a ler, ué. Não quer perder um segundo, quer?
Trecho Preferido: "Se você tiver um sorriso no rosto e o coração leve, nossa, você será a pessoa mais linda do universo."

As GRANDES aventuras de Daniella foi a minha leitura para o desafio de março do #desafioDNALiterário2018 – um livro escrito por uma mulher. A autora L.L. Alves é uma das minhas favoritas e ela não me decepcionou. AGAD é um chick-lit que fala de gordofobia, depressão, ansiedade, autoestima, entre tantas outras coisas, de forma super leve e divertida.

A nossa protagonista é gorda (e não gordinha!) e está passando por uma fase de mudanças. Saiu do emprego para trabalhar na nova firma de advocacia que seu namorado está criando. Dani é atrapalhada, boca-suja e ciumenta, o que acaba a colocando em situações, por vezes, constrangedoras (muito engraçadas para quem está lendo). No decorrer da história, ela passa por muita coisa, conhece a si mesma mais profundamente, se mete em muita confusão, mas tudo extremamente necessário para sua transformação e sua aceitação.

É um livro para se identificar, para refletir enquanto ri das trapalhadas da Dani. Esse foi o melhor de tudo: a história contada do ponto de vista da Dani de forma tão descontraída sem perder o tom de crítica que a autora quis colocar. Gordofobia existe, gordofobia faz mal. Ainda que você não seja gordo e não sofra com isso (como eu), ainda assim você pode ler este livro e compreender o que é ter um corpo fora dos padrões que a sociedade impõe. Aliás, ser alguém fora dos padrões numa sociedade cheia de regras é algo bem difícil, seja no corpo ou na atitude.

As GRANDES Aventuras de Daniella é uma obra que serve para pensar. É fácil se identificar com a Dani porque ela passa pelo que muita gente passa todos os dias. Não é só sobre gordofobia, é sobre ser fora dos padrões. É sobre ser mulher num mundo machista. É sobre ter quilos a mais numa sociedade que gosta de tomar conta da vida do outro. É sobre ser diferente numa sociedade que tem medo disso. A Dani é uma personagem que transmite muito facilmente o sentimento de empatia no leitor.

"Imaginamos que nunca nos abriremos, por isso as dores e sofrimentos nos fecharão para sempre. Então aparece alguém que, com cuidado, consegue limpar e secar as feridas usando carinho e paciência."

Eu achei incrível a autora tratar de todas as consequências do preconceito de forma tão leve. Ela criou personagens maravilhosos, com algumas exceções (cuidado com as aparências, elas enganam!), em toda a complexidade que é a vida humana. Enfim, o livro é muito fofo, divertido e importante! Sim, importante… Todos deveriam lê-lo algum dia! Refleti sobre muitas coisas que eu não fazia ideia, principalmente, sobre o quanto as palavras tem poder e o quanto elas podem machucar. E o quanto elas podem ajudar! Então, o que você quer, colocar alguém para baixo ou enaltecê-la? Escolha bem suas palavras e lembre-se sempre de uma: respeito.

O tema do livro é muito pertinente e atual, a escrita em primeira pessoa proporcionou a identificação que a autora queria causar no leitor, porém, algo que acho que poderia ser melhor foi a fluidez da história, que parecia solta em vários momentos. Apesar da linearidade, as cenas aparentam ser memórias dispersas ao longo da vida da personagem, faltando detalhes que acredito ter sido escolha da autora mesmo para focar em outros aspectos, como a evolução de Dani até sua aceitação. Entretanto, acredito que isso fez o livro perder um pouco da profundidade, que, particularmente, gosto. Ao mesmo tempo, gostei da leveza proporcionada à leitura, o que é um pouco contraditório, eu sei, mas a vida não é feita só de extremos, não é mesmo?

A edição deste livro também está linda, belo trabalho da editora Arwen. Bem a cara de um chick-lit e bem a cara da Dani! AGAD é o tipo de leitura que pode agradar a todos os gostos e a todos os públicos, ainda que a grande maioria dos leitores sejam mulheres. 

Amor, principalmente o amor próprio, é sempre bem-vindo!

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