Imagine um homem machista e galanteador acordando num mundo
onde as mulheres que mandam? Eu não sou um homem fácil é um filme francês
original da Netflix. E é simplesmente genial! O enredo gira em torno de Damien (Vincent Elbaz),
um cara super machista, conquistador de carteirinha, que assedia mulheres na
rua sem qualquer pudor. Até que ele bate a cabeça e quando acorda, está num
mundo paralelo, onde os homens são considerados o sexo frágil. Então, ele
começa a passar por várias situações que, antes, era ele o causador.
Eu descobri este título através do instagram @blogparenteses
e me interessei logo de cara, então corri para ver. A melhor palavra para
descrever este filme, com certeza, é “genial”! Eles conseguiram desenhar para
os homens o que é ser mulher nesse mundo machista. Não apenas isso, eles
trataram de assuntos como assédio, sexualidade, estereótipos e até gordofobia. E mostraram que mesmo nessa inversão, o diferente é sempre marginalizado e excluído.
No início, você fica até um pouco confuso com o que está
acontecendo, principalmente se você for homem. Não digo isto de forma
pejorativa, mas é difícil perceber coisas em que você não vivencia, uma mulher
pegará muito mais facilmente as críticas desse filme. Seria o mesmo caso de eu
perceber racismo na minha visão de branca; eu posso saber o que acontece, mas
eu não vivencio, então, alguns detalhes podem passar despercebidos. Acho que esse filme mostrou o quanto o machismo está entranhado em nós.
Durante o desenrolar da trama, Damien se envolve com
Alexandra (Marie Sophie Ferdane), uma escritora que é a versão feminina dele neste mundo paralelo. Ela
pega, mas não se apega, arrasa um monte de corações e usa os homens como bem
entende, tratando-os como objetos. Ela acaba conhecendo Damien e se interessa pelos
pensamentos “masculinistas” dele, unicamente para escrever seu livro
ridicularizando tais pensamentos. O fato de ele a esnobar e ser bem diferente
dos outros homens (uma clara referência à competitividade entre mulheres que os
filmes sempre mostram) desperta nela um real interesse em Damien. A partir daí
vemos os clichês das comédias românticas, só que invertidos.
A crítica aos vários traços e consequências do machismo
nesse filme é de uma grandiosidade que eu não poderia citar todas as cenas
incríveis aqui. Porém, uma em especial é preciso ser citada, pois foi minha
favorita de todas e a parte em que eu abri meus braços e falei “SIM, É
EXATAMENTE ISSO”. Foi dessa cena que a palavra “genial” começou a apitar em
minha mente. Bom, o trecho é com Damien e sua psicóloga. Ele conta o que está passando, do mundo que ele vivia e do mundo que ele está agora, então,
numa sacada maravilhosa, a psicóloga fala “será que não pode haver um meio
termo, um mundo em que homens e mulheres se apoiam?” e gente, É EXATAMENTE ISSO O
QUE O FEMINISMO QUER! Queremos igualdade no básico e nos detalhes, nem melhor
nem pior que os homens, iguais!
Entretanto, é difícil encontrar a perfeição em algo, não é?
Eu não sou um homem fácil tem uma ideia sensacional que considero
importantíssima para desenvolver empatia naqueles que ainda tem pensamentos
machistas (acho que todos nós temos algo de machista dentro de nós ainda,
infelizmente é algo enraizado demais para largar de uma para outra). Contudo, o
filme deixa a desejar em outros aspectos, como a forma que abordou os
“masculinistas” no mundo paralelo. Eles usavam peitos falsos para protestar,
claramente o equivalente aos protestos feministas de nosso mundo. Porém, ficou
algo tão ridículo, que pareceu desmerecer a causa feminista. O que me pareceu
contraditório a tudo que o filme quis mostrar. Talvez nem tenha sido a intenção
da diretora, mas a abordagem foi bastante infeliz, pelo menos para mim.
Algumas pessoas não gostaram do ritmo do filme, eu credito
isso ao que falei antes, de ser um pouco confuso no início. Creio que seja por
já estarmos tão acostumados em vermos uma mulher no lugar do Damien que parece
absurdo demais para compreendermos. O final também é um ponto que li
comentários negativos, todavia, eu achei sutil e gostei da mensagem que peguei:
nunca alcançaremos igualdade se sempre entrarmos em guerra uns contra os outros.
Recomendo este filme para todos que desejam desconstruir
conceitos machistas arraigados dentro de si e que queiram desenvolver empatia
às mulheres que sofrem todos os dias com esse mal. Assistam e me digam o que
acharam!
Vejam o trailer:
Até a próxima!
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