Além do susto: The invitetion de Karyn Kusama


Ela escuta um barulho indefinido porém próximo, a casa é antiga com canos enferrujados, pensa ela. Pensamento que a faz levantar para analisar só por via das duvidas e se dirigir as escadarias de madeira envelhecida do porão. Ouve um leve ranger no assoalho, a luz pisca. A sombra que outrora a pertencia agora parece indefinida demais, se deslocando de forma irregular, quando de repente ela escuta um silvo sussurrante atras de si e ao se virar.... É nesse momento que a ferramenta jump scare é utilizada e o famoso ''susto'' acontece.

Uma das grandes críticas do público geral de filmes de terror é a necessidade de susto, e por ser muito utilizado, já é praticamente uma regra nos cinemas tradicionais. Mas para ser categorizado como terror, tem que assustar? Não necessariamente. A ferramente Jump scare, quando bem utilizada, compõe cenas incríveis na obra, porém um bom filme de terror não depende de sustos repentinos, como é o caso dessa belíssima obra de Karyn Kusama.


Sinopse: Uma tragédia abala o casal formado por Will e Eden. Por conta da carga emocional extremamente dolorosa eles se separam. Dois anos depois Eden aparece acompanhada de outro homem, e totalmente diferente de como era antes. Durante um jantar, com Will, Eden e o novo companheiro de sua esposa, Will começa a suspeitar que os visitantes têm planos sinistros contra ele.

Esse não é um filme atual ou muito comentado, com um elenco simplório de atuação excelente, paleta de cores com tons quentes e sombrio, "The invitetion" ou "O convite" nos apresenta um ambiente claustrofóbico e desconfortável que questiona nossa percepção sobre o mal naquela reunião entre antigos conhecidos.




A primeira coisa que me impressionou nesse filme foi a interpretação de Logan Marshall-Green, não que eu tivesse dúvidas sobre o potencial, ele já foi comprovado diversas vezes. O que me chama atenção é o seu personagem, Will, que pouco fala, o que ajuda na criação e sustentação do terror psicológico que paira no ar durante todos os atos. Ele consegue fazer você ficar em dúvida sobre a personalidade de alguém só com um olhar desconfiado ou uma postura mais rígida (inclusive a linguagem corporal foi muito bem trabalhada nessa obra).

Esse é um daqueles filmes que leva o seu próprio tempo de construção, então tenha calma e não desista dele no primeiro ato. A paranoia é MUITO bem trabalhada e se você já leu alguma outra resenha sobre esse filme deve ter encontrado alguma menção a Hitchcock, mas é impossível não relacionar a ele.

O enquadramento é perfeito, e a fotografia nem se fala, repleta de variações de luz e sombra que cai como uma luva no suspense da obra. O roteiro é muito bem construído e a direção é incrível. Não deixem de ver esse filme, que apesar de não ter uma visibilidade tanto aqui quanto nos EUA, vale muito a pena assistir. Se tu curte aquele Terror/Suspense que te deixa inquieto com especulações durante todo o filme, se joga em "The invitation".

Pra quem não curte spoiler, NÃO ASSISTA o trailer, é extremamente revelador. Fica por sua conta e risco.




Fotos: 12 - 3

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