A adaptação de Desaparecido para sempre, do Harlan Coben, chegou na Netflix no último dia 13 de agosto. O autor tem contrato com o streaming para 14 produções, entre elas as já lançadas Não fale com estranhos, Silêncio na floresta e O inocente, adaptadas de livros homônimos, e Safe, com roteiro original feito por Coben.
Algo que gosto bastante é que cada adaptação é de uma nacionalidade. Não fale com estranhos e Safe são inglesas, Silêncio na floresta é polonesa e O inocente, espanhola (com Mario Casas, de Um contratempo, protagonizando). O que garante uma diversidade cultural bem interessante.
Desaparecido para sempre tem origem francesa e é protagonizada por Finnegan Oldfield, como Guillaume Lucchesi. Para quem conhece o livro pode estranhar o nome, já que o protagonista se chama Will Klein, mas como eu disse na resenha, os nomes seriam alterados para algo mais francês, já que a série se passa lá.
Até aí tudo bem, são os tipos de mudança que não me importo. Até acho legal mudar nomes ou aparências. Mas infelizmente, eles mudaram bem mais que isso... E aproveito para avisar que terá spoilers por aqui, mas só mais para frente, eu vou avisar.
Guillaume passa pelo trauma de ver sua ex-namorada morta e, na mesma noite, seu irmão também morre. Ao menos, era isso que ele pensava, porque ainda tinha muitos mistérios em toda essa história. Dez anos depois, ele vai passar por novos traumas: sua mãe morre e após o enterro sua namorada desaparece. Alguém tá precisando tomar um banho de sal grosso aí? Está sim!
Sim, isso é a sinopse, porque muita coisa acontece depois e a série vai desenvolver aos poucos cada personagem e responder todas as perguntas nos cinco episódios disponíveis. Ou essa era a intenção rs
Por ter lido o livro, eu acabei me decepcionando muito com a série, mas ela não é de todo ruim. Os pontos fortes são as atuações - o elenco extremamente competente, ainda que desconhecido para mim - e a fotografia, com enquadramentos muito bonitos e que ajudam na composição do suspense e nas sensações das cenas. O roteiro, entretanto, ainda que prenda e tenha bons momentos, deixa furos (mesmo sem comparações com o livro).
A PARTIR DESTE MOMENTO TERÁ SPOILERS DA SÉRIE E DO LIVRO.
Um exemplo de furo na trama é quando Nora volta para a França com o nome da Judith, sendo que ela estava fugindo por causa do marido e ele já estava morto. Por que ela precisaria mudar a identidade? Por causa de Fred? Não fez sentido algum. Se o Kesler e o Ostertag soubessem dela, já teriam chegado até ele. Judith, por outro lado, era um nome conhecido por eles. No livro isso é tão fechadinho, juro que não sei porque mudaram. Aliás, muitas coisas não fizeram sentido, como a Inês ter escondido o celular da Nora ou a polícia ser quase insignificante para o caso todo.
Ainda acho que a série pode ser boa para quem não leu o livro e quem não é muito exigente. Não é a melhor das adaptações, mas é uma série empolgante e emocionante, mesmo deixando algumas pontas soltas.
LIVRO VS SÉRIE
A fuga de Fred/Ken
No livro, Ken (Fred) apenas é ferido e foge. A família acredita que ele morreu, mas há relatos de que ele possa estar viajando por vários lugares, fugindo da polícia. Na série, a morte dele é algo mais concreto e nem explica como ele conseguiu sobreviver a tiros e uma queda no mar!
A identidade de Nora
Quando encontra o Will, Nora adota o nome de Sheila, a namorada de Ken, porque seria muito arriscado ela estar nos EUA com seu nome, já que seu marido ainda a procurava. Na série, ela pega o nome de Judith sem nenhum motivo plausível, pois seu marido já está morto.
Filha ou sobrinha?
A paternidade de Will foi um dos plot twists já no finalzinho do livro, algo que me surpreendeu bastante e fez com que eu gostasse muito do personagem Fantasma (pois ele quem revela e ajuda Will nisso). Ken, na verdade, tinha levado a filha de seu irmão apenas para ajudar na sua fuga e Will nunca soube nem que Julie esteve grávida dele. Na série, a menina é mesmo filha de Fred/Ken e Guillaume/Will pega para criar a sua sobrinha.
Fantasma vs Ostertag
Como eu disse, acabei gostando do Fantasma no livro, mesmo ele sendo um assassino (risos). Ele é um personagem bem trabalhado e com um desenvolvimento muito legal. Apesar de ter semelhanças, inseriram na série um romance dele com Julie/Sônia que achei desnecessário e o desenvolvimento dele é péssimo, ainda mais se comparar com o livro. Não há interação com Inês/Katy nem senso algum de justiça da parte de Ostertag. Decepcionante.
Romances desnecessários
Além de Ostertag e Sônia, como já comentei, outro "romance" desnecessário foi o de Guillaume e Inês (entre aspas porque foi só um interesse e um beijo, nada demais). Só que não existe esse clima romântico entre estes personagens e não foi relevante em momento algum para a trama!
Mudança positiva: abordaram mais da história do Square/Daco
Para não dizer que todas as mudanças foram negativas, eu adorei que eles exploraram mais da história do Square/Daco. Algo que me incomodou no livro foram as reações apáticas em relação ao passado de Square, que é bem sinistro. Na série, eles colocaram uma revolta, brigas e tudo mais, que era o que eu esperava que acontecesse! Entretanto, não sei porque colocaram um irmão em vez de um filho para ele. Mas ok, a história continuou interessante e com sentido. Mesmo a gente não sabendo direito o que aconteceu com esse irmão depois.
O fim de Fred/Ken
O que foi a cena do Guillaume dando um tiro no Fred? NÃO, CARA, NÃO! No livro, a cena é super emocionante, o Ken abraçando o Will até a polícia chegar, ele se entrega sem contar toda a verdade para o irmão. Ele vai pagar por seus crimes na cadeia. Aí na série ele só foi um babaca do início ao fim e ainda deixou o irmão traumatizado? Eu odiei!
Katy e Fantasma
Uma das reviravoltas mais legais do livro é que Katy e Fantasma tinham se juntado para achar o Ken e fazer justiça. Aí como se não bastassem terem apagado metade da história do Fantasma/Ostertag, ignoraram TUDO sobre a Katy/Inês. Ela esconde o celular da irmã para quê? E depois ela só supera porque o Guillaume falou algumas palavras para ela? GENTE, NA BOA???
Joe Pistillo, cadê você?
Primeiro, a polícia nem relevante é para a série, o que já é ruim por si só. Porém, existia a questão pessoal do Pistillo no livro e toda a vingança que ele queria contra o McGuane (Kesler) por ter matado o cunhado. Não há sequer menção a isso ou qualquer história parecida na adaptação, infelizmente.
***
Agora você me diz: por que fazer uma adaptação de apenas CINCO episódios para, no fim, tirar TODAS as partes legais da trama? Desculpa, mas não considero essa série uma adaptação. É apenas mais uma série, bem mediana. O que me surpreende é que o Coben estava na produção...
Enfim, acabei me decepcionando, mas quem sabe você tenha uma experiência melhor? Ainda mais se você não tiver lido o livro. Porém, indico muito a leitura! E caso ainda não tenha lido, eu já fiz a resenha por aqui.
E você que já assistiu? Qual o seu veredito?
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